Luxações Acrômio-Claviculares

A clavícula é um osso em forma de “S”, que realiza a ligação entre o membro superior e o tórax. A mesma é conectada ao ombro por uma série de estruturas ligamentares que participam da estabilidade da articulação. Já o ombro é formado por 4 articulações: gleno-umeral, escápulo-torácica, esterno-clavicular e acrômio-clavicular. Esta última será o objeto de abordagem neste texto.
As luxações da articulação acrômio-clavicular são lesões muito comuns. Acometem predominantemente pacientes mais jovens, com maior incidência no sexo masculino. Estes pacientes costumam estar envolvidos em traumas com o membro superior estendido ou traumas diretos sobre o ombro. Tais impactos ocasionam lesões nos ligamentos que fazem a conexão da clavícula com o ombro, resultando em um aspecto típico de “ombro caído” ou “clavícula levantada”.

Mecanismo de trauma nas luxações acrômio-claviculares

Mecanismo de trauma nas luxações acrômio-claviculares

Aspecto de “ombro caído” nas luxações acrômio-claviculares
Basicamente, podemos dividir os ligamentos em acrômio-claviculares e córaco-claviculares, conforme a ilustração abaixo. Isto nos ajuda a entender a classificação dessas lesões, a qual irá nortear o tratamento:

A classificação das luxações acrômio-claviculares foi descrita por Rockwood e as divide em 6 tipos:
Tipo 1 – Ocorre uma distensão dos ligamentos acrômio-claviculares, o que gera um deslocamento mínimo entre a clavícula e o acrômio;
Tipo 2 – Nesse caso já se observa ruptura dos ligamentos acrômio-claviculares. Também há um deslocamento mínimo entre a clavícula e o acrômio;
Tipo 3 – Essa lesão cursa com ruptura dos ligamentos acrômio-claviculares e córaco-claviculares, sendo o deslocamento superior da clavícula, até 100% da distância entre a clavícula e o processo coracóide, quando se compara com o lado oposto;
Tipo 4 – Há ruptura dos ligamentos acrômio-claviculares e córaco-claviculares e o deslocamento da clavícula se dá para posterior.
Tipo 5 – Ocorre ruptura dos ligamentos acrômio-claviculares e córaco-claviculares. O deslocamento superior da clavícula é maior que 100% da distância entre a clavícula e o processo coracóide, quando se compara com o lado oposto;
Tipo 6 – Ruptura dos ligamentos acrômio-claviculares e córaco-claviculares e o deslocamento da clavícula ocorre inferiormente.

Classificação de Rockwood para as luxações acrômio-claviculares

Classificação de Rockwood para as luxações acrômio-claviculares
O tratamento não operatório fica reservado para as luxações do tipo 1 e 2. Nestes casos há pouco deslocamento da clavícula, o que permite o uso de tipóia por 4 a 6 semanas, seguido de reabilitação com fisioterapia.

Luxação acrômio-clavicular com pouco deslocamento

Tratamento não cirúrgico com o uso de tipóia
O tratamento não operatório fica reservado para as luxações do tipo 1 e 2. Nestes casos há pouco deslocamento da clavícula, o que permite o uso de tipóia por 4 a 6 semanas, seguido de reabilitação com fisioterapia.
As lesões do tipo 3 tem tratamento controverso, devendo a conduta ser discutida entre médico e paciente. Isto porque muitos estudos não apontam diferenças entre tratamento cirúrgico e não cirúrgico nesses casos.
Já os tipos 4, 5 e 6 possuem indicação absoluta de cirurgia por se tratarem de lesões muito deslocadas e com potenciais lesões da musculatura adjacente. Tais lesões apresentam um leque de várias técnicas cirúrgicas que vão desde cirurgia aberta até a correção por videoartroscopia. A indicação do procedimento cirúrgico irá depender do tipo de lesão e da individualidade de cada paciente.

Luxação acrômio-clavicular tratada com âncora metálica no processo coracóide

Lesão fixada com pinos metálicos na articulação acrômio-clavicular
