A tendinite calcárea consiste num distúrbio caracterizado por depósitos de hidroxiapatita (fosfato de cálcio cristalino) em qualquer tendão do corpo, ocorrendo mais comumente nos tendões do manguito rotador do ombro, causando inflamação e consequentemente dor.
Tem uma maior incidência em mulheres com idade entre 30 e 60 anos. As calcificações geralmente estão localizadas no tendão supraespinhal (80% dos casos), seguidas pelos tendões infraespinhal (15% dos casos) e subescapular (5% dos casos); e estão presentes em 5% ou mais dos ombros assintomáticos em adultos saudáveis.
Cerca de 50% dos indivíduos com tendinite calcificada apresentam sintomas, os quais incluem dor ou fraqueza no ombro, geralmente levando à diminuição da amplitude de movimento. A dor geralmente é agravada pela elevação do braço acima do nível do ombro ou por se deitar sobre o ombro. Caracteristicamente apresenta piora noturna podendo acordar o paciente do sono. Outras queixas podem ser rigidez, estalidos ou fraqueza do ombro.
Causas
A causa é desconhecida, porém existem teorias que tentam explicá-la. Uma delas diz respeito à hipóxia (redução nos níveis de oxigênio) no tendão, o que levaria à transformação de células do tecido original em células com características cartilaginosas, as quais seriam as responsáveis por produzir a calcificação. Outra diz respeito à presença de uma tendinite (inflamação), a qual levaria a uma redução de fluxo sanguíneo local, e por consequência levando à formação da calcificação.
De qualquer forma, existem fatores de risco que aumentam a chance de desenvolver o quadro. Estes incluem: distúrbios hormonais, como diabetes e hipotireoidismo; Distúrbios auto-imunes, como artrite reumatoide; e distúrbios metabólicos como os que levam à formação de pedras nos rins, cálculos biliares e gota. Ocupações que consistem em levantamento aéreo repetitivo, como atletas ou trabalhadores da construção civil, não parecem aumentar significativamente a probabilidade de desenvolver tendinite calcificada.
Diagnóstico
O diagnóstico pode ser feito por uma simples radiografia, no entanto a ressonância magnética pode fornecer mais informações sobre o tamanho e localização da calcificação.
Tratamento
É importante ressaltar que a tendinite calcárea é uma doença autolimitada, ou seja, a calcificação aparece e é reabsorvida pelo próprio organismo. No entanto a fase de reabsorção é a mais dolorosa e pode demorar meses ou anos para se completar. Nesse sentido, o tratamento inicial consiste em dar suporte para a melhora da dor, utilizando analgésicos de alta potência, como os opióides, bem como o uso de anti-inflamatórios. Pode-se lançar mão de infiltrações de anestésicos associados a corticóides.
A fisioterapia também ajuda a melhorar a dor e a evitar ou mesmo tratar uma eventual rigidez articular. A terapia por ondas de choque tem mostrado bons resultados neste tipo de lesão.
Finalmente, se o tratamento acima descrito não for bem sucedido, pode haver a necessidade de tratamento cirúrgico para a remoção da calcificação. Tal procedimento é realizado por videoartroscopia.